quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lembranças (não ficam muitas)

Lembranças é o primeiro filme do "galã" Robert Pattinson pós série Crepúsculo. Confesso que eu não sabia muito bem o que esperar, pois embora ele não faça o melhor dos trabalhos na série, eu não posso dizer que ele seja o responsável pelo fracasso dos filmes (fracasso técnico, não comercial, obviamente). Da mesma forma, o trailer conseguiu chamar a minha atenção, não o suficiente pra ir ver por conta própria, mas o suficiente pra aceitar ver quando sua namorada insiste um pouquinho.

O filme conta a história de um jovem, Tyler Hawkins (Pattison), que vive sob a sombra do suicídio do irmão e de sua péssima relação com seu pai. Contracenando com ele temos a jovem Ally Craig (a linda Emilie de Ravin), que embora tenha uma personalidade bem diferente, também vive sob o peso de uma tragédia: o assassinato de sua mãe. Como elenco de apoio, pra dar uma segurada nos pontos aonde os jovens atores não dão conta do recado temos os veteranos Pierce Brosnan (como o pai de Tyler), Chris Cooper (pai de Ally) e Lena Olin (mãe de Tyler).

Sabe, o filme até podia não ser ruim. É o tipo de filme que tinha potencial, mas os roteiristas simplesmente fizeram as escolhas erradas. O personagem do Pattison poderia ser interessante, mas foi extremamente mal desenvolvido, soando totalmente forçado na maior parte das cenas (não que a eterna cara de blasé dele ajude muito nesse desenvolvimento - fora o exagero nas cenas dramáticas, como na reunião do pai dele). Ele soa um pouco como um Rebelde Sem Causa do século XXI, o que poderia ser bem interessante se fosse a idéia, mas não é. Em momento nenhum eu consegui me conectar com o personagem, sentir o drama dele, entender porque ele se sente daquela forma com o mundo, porque ele tem sua vida tão despedaçada.

O modo como ele conhece a Ally, por exemplo, foi ridícula, não precisava disso no filme. É como se eles tivesse feito isso apenas pra eles terem um motivo pra brigar sério no meio do filme. Sério, uma aposta? Não tinha nada menos clichê e irreal? Assim como a briga do Tyler com o pai dela no começo. Digo, as situações são forçadas demais para parecerem reais, e o que me chateia é que com um pouco mais de capricho as coisas poderiam ter funcionado bem.

Mas mesmo assim o filme consegue se manter bem, segurado pela direção correta do Coulter, mas aí quando chega no polêmico final a vontade que dá é de rir (de fato, boa parte do cinema gargalhou). Novamente, desnecessário na minha opinião. Não era preciso nem muito esforço pra criar uma idéia melhor, mais sutil e significativa. Digo, quando a aleatoriedade faz parte da idéia do filme tudo bem (vide Um Homem Sério), mas aqui a coisa soa totalmente out of place.

No final fica a impressão de uma idéia muito mal aproveitada, mas que ainda assim não chega a causar danos a quem resolver ver.

Direção: Allen Coulter
Ano: 2010
Link: IMDb