terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Mania de Ninfos

Eu não sou um grande conhecedor dos trabalhos do Lars Von Trier. Só havia visto Dogville, que eu achei fantástico (mas isso faz aaanos e eu era bem mais prepotente pra filmes do que sou hoje - e eu ainda sou mais do que gostaria). Mas mesmo assim sempre tive curiosidade de assistir aos filmes dele. Todo mundo fala que eles são super chocantes e polêmicos - e quem não gosta de uma boa polêmica?

Fui ver esse Ninfomaníaca com essa expectativa (acentuada, claro, por toda a propaganda feita para o filme). E qual não foi a minha surpresa ao verificar que sim, é um tema um pouco delicado e sim, tem muitas cenas de sexo explícito, mas, ao contrário do que se poderia imaginar, o filme não é nem um pouco chocante.


Não fossem as constantes cenas de nudez e de sexo, poderiamos estar vendo um filme "normal" sobre um tema interessante, dirigido com maestria por um simples diretor dinamarquês. Mas as tais cenas não ficam deslocadas no filme - elas ajudam o espectador a se sentir dentro do filme, sentindo todos os sentimentos dos protagonistas. Além disso, o diretor, durante todo o filme, usa diversos artifícios como gráficos, somas, imagens explicativas, dando um tom de, digamos, sala de aula. Assim, as cenas que poderiam ser consideradas chocantes perdem um pouco do seu impacto e soando como... bem, como algo que você poderia ver em um livro de ciências.


O filme conta a história da uma mulher viciada em sexo (duh) que é acolhida por um senhor e, a partir daí, passa a contar a história de sua vida para ele. A estrutura do filme é muito interessante: ele é todo dividido em capítulos, e cada capítulo se desenvolve a partir de uma conversa aleatória entre os dois (por exemplo, o primeiro é desenvolvido a partir de uma conversa sobre pescaria, estabelecendo assim um paralelo entre o hobbie do senhor com o hobbie de "pescar homens" da mulher).



Existem capítulos mais ou menos interessantes, alguns surpreendentemente engraçados (como o que conta com a participação da Uma Thurman) e alguns não tão bons. Mas em geral o filme é um ótimo estudo sobre o tema e consegue entreter ao mesmo tempo que te faz pensar.


1. O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) - Martin Scorsese - 10,0
2. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - Chris Buck, Jennifer Lee - 9,5
3. Ninfomaníaca (Nymphomaniac) - Lars Von Trier - 8,5
4. Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Ender's Game) - Gavin Hood - 6,5
5. Confissões de Adolescente - Chris D'Amato, Daniel Filho - 6,0
6. O Herdeiro do Diabo (Devil's Due) - Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett - 2,5
7. Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal (Paranormal Activity: The Marked Ones) - Christopher Landon - 2,0

Wolfie! Wolfie!

Eu sou um grande fã dos trabalhos do Scorsese. É um daqueles diretores que você reconhece rapidamente ao ver apenas algumas cenas de um filme. Eu gosto disso. Se no último filme dele, Hugo, isso tenha ficado bastante de lado (é talvez o filme mais diferente do diretor), o seu estilo volta com tudo nesse O Lobo de Wall Street, no melhor estilo Os Bons Companheiros.

Os Bons Companheiros que, por acaso, é o meu filme preferido dele (não só dele, mas um dos meus preferidos da vida). E eu não poderia ficar mais satisfeito com a realização de que O Lobo de Wall Street foi concebido exatamente da mesma maneira, ainda que em momento nenhum soe como uma cópia. Está tudo lá, as drogas, o crime, o sexo, o narrador-personagem, o arco narrativo início-evolução-auge-queda-recuperação, a trilha sonora marcante, etc.

O Lobo de Wall Street, entretanto, se destaca por ser talvez o filme menos pretensioso da carreira do Scorsese. A impressão que se tem é de que o diretor quis apenas se divertir e fazer um filme divertido, sem nenhuma preocupação com premiações ou de passar uma mensagem ou qualquer coisa assim e isso não é tão comum em sua carreira.

O filme conta a história verídica (ainda que com alguns - óbvios - exageros) do ex-corretor Jordan Belfort, que nos 80 chegou ao topo de Wall Street ao manipular o sistema financeiro e arruinar muitas famílias - nem sempre de maneira legal. Em meio à muita droga, putaria e bizarrices, podemos ver desde o começo da carreira de Jordan, um tímido e ambicioso corretor até seus exageros mais bizarros, sua criminalização e sua inevitável queda.



Mas o filme não tenta passar nenhuma lição de moral nessa história, e isso foi um grande acerto, pois deixou o filme mais leve e agradável. Tivesse dado um tom mais sério, Scorsese teria feito um filme carregado e arrastado. Mas a energia quase juvenil que o diretor emprega durante todo o longa faz com que quase não se sinta suas 3h de duração. Embora o protagonista seja capaz das atitudes mais absurdas, o Scorsese deixa a cargo do espectador tirar suas próprias conclusões.


E não há como não falar do filme sem mencionar as atuações, especialmente - óbvio - a de Leonardo DiCaprio (também produtor do filme junto com Scorsese), que aparece em virtualmente todas as cenas do filme. Com três indicações ao Oscar antes de O Lobo de Wall Street, muita gente fica indignada por ele nunca ter ganho. Eu não sou uma delas. Gosto das atuações dele, mas eu não teria premiado nenhuma de suas atuações anteriores - sempre achei ele um pouco exagerado demais.

A coisa mudou um pouco pra mim aqui. Essa, na minha opinião, é de longe a melhor atuação do Leo em toda sua carreira, e justamente em um filme onde a carga dramática é menor. Aparentemente, seus exageros funcionam muito melhor para a comédia do que para o drama. Aqui ele simplesmente dá vida a um personagem fascinante.

E o elenco de suporte não fica atrás, desde a breve - e genial - ponta de Matthew McConaughey até o hilário Jonah Hill e a linda Margot Robbie. Na verdade, sem tamanho talento em seu elenco, o filme jamais faria o sucesso que faz. E o uso da trilha sonora - ah, como o Scorsese faz isso bem. É capaz de transformar uma cena simples em algo sensacional: cito como exemplo óbvio a invasão da empresa de Jordan pelo FBI ao som de Mrs. Robinson. Simplesmente genial.

Eu gostei tanto do filme que já fui ver duas vezes no cinema (e o ingresso não tá barato viu). Não sei se chega a ser melhor que Os Bons Companheiros, mas fazia um bom tempo que eu não ria tanto no cinema. É o entretenimento em seu ponto máximo.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Chatices Paranormais

Embora reconheça que existam títulos fantásticos aqui e ali, eu não sou o maior dos fãs de filmes de terror. Frequentemente, porém, sou arrastado para vê-los no cinema. Não que me incomode, muitos são até engraçados de tão ruins, e volta e meia sou surpreendido com alguma coisa legal (o ótimo Insidious é um bom exemplo, tanto a primeira parte quanto a segunda).

Ainda assim, na maior parte das vezes o filme é simplesmente ruim e feito nas coxas. Esse ano eu já vi dois, um pior do que o outro. Ainda mais agora que as produtoras descobriram que fazer filmes no estilo "found footage" sai MUITO mais barato e, normalmente, tem um retorno financeiro idêntico a se fosse filmado de maneira tradicional.

Para não gastar muito tempo falando dessas coisas então, breves palavras sobre cada um dos dois:

Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal:

Embora eu tenha achado uma merda na primeira vez que eu vi, eu realmente gosto do primeiro Atividade Paranormal hoje em dia. Na verdade nem tanto do filme em si, mas da idéia por trás do filme e de algumas cenas específicas que são verdadeiramente aterrorizantes - e de uma maneira psicológica, não de susto.

Desde então a idéia já vem se perdendo totalmente, e cada novo filme se parece uma sombra pálida do primeiro. Esse Marcados Pelo Mal, quinto ou sexto da franquia (eu sinceramente perdi a conta), leva a franquia ao seu ponto baixo: história pouco interessante, sustos forçados e poucas cenas que valham a pena. E principalmente, não faz o menor sentido a história ser no estilo "found footage"! A justificativa de "ganhamos uma câmera animal e gostamos de ficar filmando nosso dia a dia" já é fraca por si só, mas fica LONGE de conseguir justificar porque diabos eles não largam a câmera nos momentos mais tensos. Chega ao ponto de termos gângsteres tendo suas ações criminosas filmadas sem achar nada de errado com isso! "Ah, vou invadir essa casa aqui, mas pode filmar, sem problemas!".

Sim, isso me irritou muito.

De resto, não há muito o que dizer. O filme tem umas duas cenas legais, mas que não valem o sacrifício de assisti-lo inteiro. 


O Herdeiro do Diabo:


Esse filme podia muito bem entrar no bololô e se chamar Atividade Paranormal: O Herdeiro do Diabo. Pois novamente, é mais do mesmo, embora aqui não estejamos falando de demônios mas sim do anticristo. Mas lá está ela: a maldita câmera de mão filmada pelos personagens.

O filme, na verdade, tinha até algum potencial se não houvesse sido filmado nesse estilo (e se algumas idéias tivesse sido melhor exploradas). Mas novamente, não existe nenhum motivo para os personagens manterem a maldita câmera ligada, e a câmera estando sempre com os personagens limita muito o impacto que algumas cenas causam. Grande parte das cenas de emoção (digamos assim) são totalmente escuras e caóticas, como se deixar tudo tremendo e com sons de gritaria fosse suficiente para tornar o filme assustador (dica: não é).

Ele tenta ser uma mistura de O Bebê de Rosemary e Atividade Paranormal, mas é uma pena que ele pegue as piores partes dos dois filmes.


Direto pro final da lista então /o/


1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - Chris Buck, Jennifer Lee - 9,5
2. Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Ender's Game) - Gavin Hood - 6,5
3. Confissões de Adolescente - Chris D'Amato, Daniel Filho - 6,0
4. O Herdeiro do Diabo (Devil's Due) - 2,5
5. Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal (Paranormal Activity: The Marked Ones) - 2,0

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Confissões de Adolescente

O meu ano cinematográfico está bem diversificado. Depois de uma animação da Disney e um sci-fi-que-não-é-sci-fi, vi uma comédia adolescente nacional.

Confissões de Adolescente

Eu ousei usar os termos "comédia" e "nacional" na mesma frase, mas felizmente esse filme está longe do estereótipo que temos em nosso cinema. Na verdade nem é uma coméédia, embora tenha seus momentos de risadas e seus arcos puramente humorísticos (em especial o que parodia Crepúsculo - embora bobas, estão entre as cenas mais divertidas do filme). 

O filme acompanha as desventuras de 4 irmãs adolescentes no Rio de Janeiro. Não existe uma grande trama por trás de tudo, exceto talvez a questão financeira que começa a afligir a família, mas mesmo isso é pouco explorado pelo roteiro, servindo apenas como um gatilho para as discussões entre o pai viúvo e as 4 filhas mimadas. De resto, o roteiro se prende a analisar as relações amorosas e de amizades de cada uma das irmãs.

Não que haja um problema nisso, alguns arcos são bonitinhos, outros interessantes (outros nem um nem outro). Uma coisa que me incomodou um pouco, porém, foi como o filme tenta, a todo momento, fazer os jovens se identificar com as situações, seja com o uso de expressões, seja ao exibir situações clássicas ou de diversas outras formas, mas acontece que em poucos momentos isso é feito de maneira natural e genuína. Isso também é resultado de se trabalhar com um número tão grande de jovens atores: poucos são os que se salvam e os diálogos entre eles acabam ajudando esse sentimento de forçação de barra. O filme peca também por, aqui e ali, se deixar cair em velhos clichês de filmes do gênero, como a loira que só liga pra popularidade a qualquer custo. Vá lá que tem muita gente escrota na escola, mas é tipo os adolescentes de Carrie: tem coisas que simplesmente não existem.

De certa maneira, o filme me lembrou outro filme nacional sobre a adolescência, As Melhores Coisas do Mundo. Quem viu os dois consegue perceber bem o que eu estou falando. No Melhores Coisas as situações soam totalmente naturais e os atores estão tão imersos na história que tudo parece estar realmente acontecendo, não parecendo estar deslocadas da realidade como em Confissões de Adolescente.

Ainda assim, tem situações que são muito bem exploradas e divertidas, e o filme não parece ter medo de falar sobre temas delicados, como o aborto. Mesmo com as falhas, eu gostei bastante do filme.

Dica: os créditos finais são excelentes

1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - Chris Buck, Jennifer Lee - 9,5
2. Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Ender's Game) - Gavin Hood - 6,5
3. Confissões de Adolescente - Chris D'Amato, Daniel Filho - 6,0

1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - Chris Buck, Jennifer Lee - 9,5
2. Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Ender's Game) - Gavin Hood - 6,5 - See more at: http://liamdevlin.blogspot.com.br/2014/01/enders-game-prefiro-ler-o-livro.html#sthash.TG5vQtI5.dpuf

Ender's Game - Prefiro Ler o Livro

Eu tinha consciência que manter a minha resolução seria difícil. Mas não sabia que eu seria brindado logo de cara com uma avalanche de filmes vistos no cinema somados com várias viagens consecutivas (o que significa pouco tempo para escrever).

Resultado: já estou com 5 filmes na fila para serem comentados aqui no blog.

Como hoje é meu último dia de férias e meu tempo para escrever deve diminuir cada vez mais, preciso me livrar dessa fila logo. Sem mais delongas então, o primeiro:

Ender's Game - O Jogo do Exterminador

Indiana Solo em mais uma atuação no piloto automático
Como um fã de ficção científica eu já possuía uma pré disposição para gostar desse filme. E eu realmente gostei, mas não por causa disso. Acontece que, deep down, não é exatamente um filme de ficção científica. O filme é todo disfarçado de sci-fi, mas o seu core está bem longe disso. Trata-se apenas de um filme que conta a história de um garoto inteligentíssimo em um futuro distante que é treinado pra ser o líder de um exército. O fato de boa parte desse treinamento ser feito no espaço e de que esse exército estará lidando com formigas espaciais são meros detalhes para a história.

Então o que realmente é fascinante na história é observar como esse garoto vai sendo testado, e como ele vai desenvolvendo estratégias diferentes frente à desafios diferentes, em especial os desafios que são criados por ele ser apenas uma criança e ninguém querer se submeter à autoridade dele. É interessante notar como o personagem não tem nenhuma pré disposição para a liderança, mas a sua inteligência e suas estratégias são tão firmes e certeiras que ele acaba por conseguir impôr sua autoridade de uma maneira ou de outra.

O filme também traz algumas discussões muito interessante, até com um toque de crítica a uma certa potência ocidental, sobre a moralidade de se usar o ataque como mecanismo supremo de defesa. Ao estabelecer um paralelo dessa estratégia nas relações internacionais com o momento onde, ao se defender de um ataque de um bully, o garoto não apenas se defende mas ataca e machuca o adversário (segundo ele próprio "para evitar futuros ataques"), o filme faz um estudo psicológico trabalhado por muitos teóricos das RIs, ou seja, a transposição da psicologia individual para as relações entre os Estados.

Mas o filme está (bem) longe de ser perfeito. Na verdade, todos esses pontos legais que eu citei acima são porcamente desenvolvidos. O filme todo é muito corrido e tudo acontece muito depressa. Nesse sentido, o filme funciona muito mais como um trailer para o livro (sim, há um livro) do que como um filme em si. Meu pensamento em boa parte do filme era "puxa, isso parece legal, aposto que no livro deve ser bem mais desenvolvido e foda".

No mais, o filme traz algumas situações totalmente irreais que incomodam um pouco (tipo, duh, botarem as forças armadas da Terra nas mãos de uma criança). Novamente, eu acredito que no livro essas situações devem ser explicadas de uma maneira mais convincente, mas no filme tem muita coisa que fica solta.

Mas é um filme que diverte e faz você pensar em algumas coisas, o que já é mais do que a grande maioria de filmes por aí.

1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - Chris Buck, Jennifer Lee - 9,5
2. Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Ender's Game) - Gavin Hood - 6,5
1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - 9,5
1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - 9,5


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Minha Resolução para esse Blog em 2014

Nessas últimas semanas eu flertei algumas vezes com a idéia de fazer um post com uma breve respectiva de 2013 e com algumas famigeradas resoluções para 2014. Por algum motivo, não o fiz - provavelmente o mesmo motivo que deixa esse blog em estado vegetativo por tanto tempo, ou seja, a procrastinação interminável.

Mas estou lutando contra isso, e embora tenha perdido totalmente o timing e o saco de fazer esse post, me veio uma idéia de uma resolução para o ano de 2014 que talvez seja interessante, ao mesmo tempo em que ajuda a manter esse blog vivo. É a seguinte:

"Em 2014, farei um breve comentário no blog sobre cada filme que eu ver no cinema."

Não uma crítica, veja bem, não espero tanto de mim mesmo. Mas um breve comentário, um parecer pessoal positivo ou negativo, algumas impressões aleatórias... sei que mesmo isso é um desafio enorme, mas se a resolução não for desafiadora, que graça tem?

(Já vejo isso dando totalmente errado e o blog totalmente morto novamente daqui a duas semanas, mas por enquanto vamos fingir que isso não vai acontecer :D)

Feito essa breve introdução, vamos ao primeiro filme visto nos cinemas em 2014!


E o meu ano cinematográfico começou com o pé direito (ou esquerdo, se você for canhoto, não tenho problemas com isso)! Frozen - Uma Aventura Congelante vem sendo considerado um novo clássico dos estúdios Disney e eu não poderia concordar mais (é tão bom quando um filme corresponde às expectativas!).

A animação é belíssima, é impossível não ficar maravilhado com os cenários criados, as expressões dos personagens e o jogo de cores. Mas Frozen não brilha só nos aspectos técnicos - a história (baseada em uma fábula de Hans Christian Andersen) é muito bacana e cativante. Os personagens principais são muito bem desenvolvidos (é impossível não se apaixonar pela Anna) e os secundários fazem você morrer de rir (sim, não tem como não mencionar o Boneco-de-neve-cujo-sonho-é-conhecer-o-calor, Olaf).

Mas o grande mérito do filme é fugir dos clichês dos contos de fadas, clichês estes criados principalmente pela própria Disney no passado. Assim, em um tempo onde o feminismo começa a ganhar mais força, é ótimo ver um filme que dialogue com isso ao estabelecer que existem amores tão ou mais valiosos do que o amor romântico entre um homem e uma mulher. Da mesma forma, temos uma personagem principal forte e valente, que, ainda que precise da ajuda de um homem, parece ter as rédeas da situação em quase todos os momentos.

Meu último problema com o filme foi que a motivação para a história toda poderia ter sido resolvida com um pouco de diálogo. Mas acredito que essa é justamente a moral da história, lembrando que se trata de uma fábula, então está perdoado. Ah sim, e a dublagem. Não que tenha sido ruim (não foi, e o Olaf do Fábio Porchat é particularmente hilário), mas as músicas naturalmente perdem muito da força ao serem traduzidas. Minha outra resolução para 2014 é ver esse filme legendado (só em dvd, porém, não saiu legendado em nenhuma sala no Rio)!

Por enquanto é isso então. Vou adicionando os filmes em forma de lista:

1. Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - 9,5

 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A Temporada Regular dos Ravens

Regular, nesse caso, diz muito, já que com um recorde de 8-8 o desempenho dos Ravens nessa temporada foi exatamente isso: regular. Mas o que isso quer dizer?

Se considerarmos que estamos falando do atual campeão do Super Bowl, isso poderia querer dizer que foi uma temporada medíocre. Afinal, ficamos de fora dos playoffs, o que não acontecia desde 2007 (e foi apenas a segunda vez que um time campeão do Super Bowl não chega aos playoffs na temporada seguinte). Uma análise fria pode, portanto, deixar os torcedores dos Ravens chateados e envergonhados.

As expectativas após uma temporada vencedora são naturalmente otimistas.

Mas vamos deixar essa visão superficial um pouco de lado e analisar alguns fatos?

Vamos.

Fato nº 1. Os Ravens terminaram a vitoriosa temporada de 2012 com um time envelhecido, valorizado e - mais importante - caríssimo. Com um salary cap apertadíssimo, o time se viu obrigado a se desfazer de peças importantes que se tornavam free agents, casos de Bernard Pollard, Paul Kruger e Anquan Boldin. Outros experientes jogadores resolveram pendurar suas chuteiras, casos de Ray Lewis e Matt Birk. Os Ravens ainda perderam Ed Reed e Daniel Ellerbe (entre outros).

Resumindo, os Ravens entraram em 2013 com o time totalmente desfigurado.


Fato nº 2. Enquanto a defesa conseguiu se arranjar com as entradas do Daryl Smith, do Elvis Dumervil e do novato Matt Elam e com a volta do Lardarius Webb, o ataque ficou seriamente prejudicado sem Anquan, que sempre fora o ponto de segurança para o Flacco, tendo feito uma pós temporada fantástica em 2012. O novato Marlon Brown entrou bem no time, mas não foi sombra do que Anquan era (obviamente). O jogador que poderia ser esse go-to player para o Flacco seria o tight end Dennis Pitta, que possui uma já conhecida química com o quarterback. Eis que o que acontece? 

Pitta se machuca ainda durante os treinos e perde quase a temporada inteira.


Fato nº 3. Ainda falando do ataque, a linha ofensiva sofreu muito durante essa temporada com a aposentadoria do center Matt Birk e com a lesão do bom Osemele, embora esse tenha acontecido já no meio da temporada. Na verdade, não conseguir arrumar a linha ofensiva foi a grande falha dos Ravens esse ano. Sem seu go-to player, o Flacco inevitavelmente ia precisar de mais tempo com a bola nas mãos para procurar seus recebedores. Não foi o que aconteceu: os Ravens acabaram como o segundo time mais sacado da NFL. Atuações fraquíssimas dos tackels Michael Oher e Bryant McKinnie contribuiram muito para isso.



Fato nº 4. A linha ofensiva também se mostrou incapaz de ajudar o Ray Rice, principal corredor do time, que entrou na temporada machucado e longe de sua forma ideal. A combinação de Ray Rice baleado e linha ofensiva medíocre não poderia ter dado em outra coisa: a 30ª colocação entre os ataques terrestres, com o Rice tendo a pior média de jardas por corrida entre todos os running backs da liga. E a ausência de um jogo terrestre eficiente acabou por sobrecarregar o Flacco (que, lembremos, estava sem seus dois principais recebedores, Boldin e Pitta) que, compreensivelmente, acabou por fazer uma temporada ruim.



Fato nº 5. Outro jogador fundamental no time dos Ravens era o Jacoby Jones, não só por sua atuação como wide receiver mas por seus retornos de punts e kick offs. Com isso em mente (e lembrando novamente das ausências de Boldin e Pitta), percebemos o quão desastroso foi o primeiro jogo dos Ravens com os Broncos, quando o novato Brynde Trawick trombou pateticamente com Jones, torcendo o joelho do companheiro e o deixando de fora de 5 jogos. Foi das jogadas mais engraçadas do ano.

Não tivesse sido tão triste.




Observando esses fatos, a conclusão que eu cheguei é que a temporada dos Ravens tinha tudo para ser um grande fiasco. Se o time conseguiu chegar até a última rodada com chances de classificação é porque ele se superou muito durante todo o caminho, e exemplos disso não faltam: a heróica vitória contra os Bengals na prorrogação, o alucinante jogo contra os Vikings com 5 touchdowns nos últimos dois minutos, o épico contra os Lions com o field goal de 61 jardas do Justin Tucker nos ultimos segundos são apenas alguns exemplos.

O torcedor dos Ravens não tem motivos para ficar se lamentando. 2013 seria mesmo um ano de transição, um ano para arrumar a casa. A classificação para os playoffs não veio, mas pra mim o time ficou no lucro e ainda foi generoso ao brindar seus torcedores com jogos maravilhosos e emocionantes. São esses jogos que acendem a paixão do torcedor e fazem o esporte valer a pena e eu saí de 2013 mais apaixonado pelos Ravens do que nunca.

Que venha 2014!